sexta-feira, 20 de janeiro de 2012



Maria Elizabete, 42, nasceu na Serra do Divisor, próximo à fronteira peruana, e mora há 15 anos no Croa. Entre um endereço e outro, morou por quase um ano em Cruzeiro do Sul, único período de sua vida em que teve o privilégio de acender uma lâmpada ou beber água gelada. Foram 41 anos vivendo em áreas isoladas, de difícil acesso e sem energia

“Tinha muita gente que não acreditava que um dia a luz chegaria. Eu sempre acreditei em Deus, fui criada numa família religiosa e aprendi a esperar Nele. Quando vieram falar que o Luz para Todos estava chegando eu fiquei com medo de ser mais uma promessa de político, mas em seguida o trator passou na frente da minha casa e eu tive a certeza que era a benção que a gente tanto esperava”, disse.

Um dia, ela contou, chegaram três homens. O barqueiro ficou conversando com Maria Elizabete enquanto os outros dois atravessaram para o outro lado do rio, onde a rede de energia está instalada. “E eu não prestei atenção que eles foram mexer no transformador. No meio da conversa alguém gritou do lado de lá: liga a chave! Eu tomei um susto de alegria e gritei pra minha vizinha: chegou luz! Chegou luz na minha casa!”, lembrou.

Hoje a casa de madeira à beira das águas escuras do Croa é iluminada pelo programa Luz para Todos. A família de Maria Elizabete está economizando para comprar os eletrodomésticos. A geladeira vem antes da televisão. “Eu detesto comer ‘salgado’, mas era a única alternativa que a gente tinha pra conservar a caça, a carne. Agora não. Vou poder trazer um refrigerante, um iogurte pras crianças quando for à cidade. Eu não tinha motor, então aqui era à base de lamparina para ‘alumiar’ de noite”.

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