A calamidade social que se abate agora no Acre por causa da enchente de seus rios já é proporcionalmente superior às tragédias ocorridas na Região Serrana do Rio de Janeiro e em Santa Catarina, que foram consideradas as mais trágicas do país nas últimas décadas. Na enchente e deslizamento do Rio de Janeiro, ocorridos em janeiro do ano passado, o número de atingidos contabilizado pela Defesa Civil Nacional ultrapassou a casa de um milhão de pessoas, representando 6,2% dos 15,9 milhões de habitantes do Estado. Na enchente de Santa Catarina, de setembro de 2011, os atingidos foram da ordem de 984 mil, representando 15,7% de seus 6,2 milhões de habitantes.
No Acre, segundo os números divulgados nesta terça-feira, 28, pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, o número de pessoas afetadas pela enchente já é de 134,9 mil, o que representa 18,3% de sua população, calculada pelo IBGE no ano passado em 733.559 habitantes. Os dados da Defesa Civil mostram, ainda, que o Acre também apresentou uma proporção bem superior ao de Santa Catarina no quesito abrangência do drama social em seus territórios. Enquanto os 83 municípios catarinenses atingidos pelas cheias representaram 28,3% dos 293 existentes naquele Estado, as 10 cidades atingidas no Acre já abrangem 45,3% dos 22 municípios acreanos O percentual de desalojados de suas casas no Acre só é inferior ao percentual de proporcionalidade apresentado por Santa Catarina, que registrou índice de desalojamento da ordem de 2,8%, com o número de desalojados chegando a 178.509 pessoas entre uma população de mais de seis milhões de pessoas. A maior distinção entre a tragédia social vivida agora pelo Acre e as que se abateram sobre os outros dois Estados é a da ocorrência de mortes. O número de óbitos no Rio de Janeiro foi superior a mil pessoas e o de Santa Catarina chegou a três. No Acre, houve apenas uma morte - um servidor do Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre), vitimado por um choque elétrico.
A ocorrência de apenas uma morte no Acre vem sendo debitada ao fato de o governo do Estado e da maioria das prefeituras terem se organizado, se planejado e executado ações a tempo para amenizar o impacto da tragédia das cheias dos rios na vida da população, principalmente a ribeirinha, que foi a mais atingida. O grau do problema social do Acre também é refletido pelo fato de o número de pessoas desalojadas no Estado ser superior, proporcionalmente, aos desalojados do Rio de Janeiro. Nos 10 municípios acreanos atingidos, houve até esta terça-feira 11.666 pessoas desalojadas, o que representa 1,6% da população. No Rio de Janeiro, as 35 mil pessoas desalojadas de suas casas representaram apenas 0,2% do número de habitantes do Estado.
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